O que nos impede de socorrer a Igreja Perseguida?
Recentemente, li uma informação de Portas Abertas que me deixou muitíssimo preocupada. Segundo a instituição, apenas 0,04% dos evangélicos brasileiros afirmam ser conhecedores da terrível perseguição que passam os cristãos mundo afora.[1]
A falta de conhecimento sobre a dor da Igreja perseguida vem no momento em que o tema necessita de mais visibilidade nos contextos nacional e internacional. Segundo estudiosos, a perseguição aos cristãos já é considerada a maior da história[2] e vem sendo estimulada pela recrudescência do extremismo islâmico em todo o mundo, mas a ONU se mantém relutante no seu dever de denunciar e condenar a perseguição e o massacre sistemático de cristãos, muito embora os EUA e o Parlamento Europeu tenham reconhecido o genocídio perpetrado pelo Estado Islâmico, sem, entretanto, engendrar qualquer iniciativa para dar fim às atrocidades da facção muçulmana.
Por sua vez, a mídia vem desenvolvendo perfeitamente sua função de sublimar a perseguição e até mesmo ocultá-la. Isso ficou clarividente quando a imprensa noticiou em manchetes dois atentados terroristas em Bangladesh – os quais vitimaram turistas estrangeiros num restaurante[3] emuçulmanos no fim da festa religiosa do Ramadã[4] – mas não tece uma nota sequer em relação aos cristãos que estão sendo perseguidos e assassinados em todo o país. Considerando que ditaduras islâmicas como a Arábia Saudita têm atuado “brilhantemente” de forma contínua para que os meios de comunicação não informem a desgraça que se abateu sobre as minorias religiosas no mundo muçulmano, é compreensível o grau de desinformação entre os leitores de modo geral.
Contudo, a manipulação midiática promovida pela enxurrada de petrodólares nas redes de comunicação e universidades não deveria se fazer notar na Igreja. É difícil compreender como pode um cristão não se interessar em tomar conhecimento da difícil vida que levam seus irmãos na fé em países inóspitos ao Evangelho.
Em algumas palestras sobre o tema “perseguição” deparei com adolescentes conversando e rindo no momento em que relatava as perversidades hediondas que passavam crianças cristãs no mundo muçulmano. E não são raras as vezes em que vejo “justificativas” para a omissão no socorro às vítimas da intolerância religiosa no mundo muçulmano. Muitos afirmam que o sofrimento imposto aos cristãos é cumprimento profético e um “sinal” da vinda de Jesus.
Outros afirmam que a Igreja não deve se imiscuir em assuntos estrangeiros, cabendo-lhe apenas orar. E ainda há aqueles que julgam seu semelhante, acreditando que se há perseguição, é em razão de “pecado”. Fora isso, não são raros os missionários triunfalistas que pintam um ambiente semelhante ao “paraíso” quando narram suas atividades em Estados muçulmanos, escamoteando a realidade de crescimento vertiginoso do Islã e da perseguição cruel imposta por muçulmanos, inclusive, em países de maioria cristã, como Filipinas.
Pensemos, entretanto: se a vítima fosse um filho daqueles que justificam a falta de ação da Igreja para amenizar as consequências da perseguição, será que o “discurso” seria o mesmo? Qual pai ou mãe, sabendo do risco de vida que corre seu filho num país distante, não faria tudo para protegê-lo, além de orar dia e noite?
Por que é tão difícil aplicar-se o conceito bíblico de “família” quando o tema é perseguição? Não poderíamos recorrer à deletéria ação de “esfriamento do amor” para tentar explicar a apatia que há atualmente frente ao massacre e perseguição de cristãos?
Ora, aquele que ama percebe que, na maioria das vezes, é impossível livrar seu semelhante do mal, porém se esforça para tratá-lo com a dignidade que merece em situações de necessidade e desespero. Afinal de contas, os cristãos perseguidos não necessitam apenas de orações ou de um dia especial para serem lembrados (como o DIP, o Domingo da Igreja Perseguida), mas também, e principalmente, de abrigos, alimentos, água, remédios, acompanhamentos psicológico e médico, dentre tantos outros auxílios para a sobrevivência em regiões afetadas por conflitos sectários e perseguição religiosa como acontece notadamente no Oriente Médio, sul da Ásia e África, reconhecidos como zonas onde ocorrem aumentos vertiginosos de perseguição.
Especialistas afirmam que estamos vivendo a “era dos genocídios” no mundo muçulmano, o que vem sendo corroborado com números assustadores de mortes. Não será esse o momento para a Igreja no Brasil perceber que “missões” devem englobar necessariamente ações humanitárias? Já é chegado o momento de lideranças cristãs brasileiras se reunirem para discutir o “dever” da Igreja perante seus irmãos assolados pelas calamidades do ódio religioso nos países de fé islâmica!
Urge o posicionamento no sentido de se divulgar amplamente pelas igrejas o martírio e as necessidades da Igreja perseguida, para que se consolide a indispensável conscientização acerca da prática da “compaixão”, que é nada menos que o sentimento benévolo de se colocar no lugar do próximo e sentir a dor dele! Se nós sentirmos a “dor” da Igreja perseguida, seremos impelidos a ajudar materialmente!
E se a crise que assola o país vier a ser evocada como fator impeditivo a uma ação efetiva de conscientização humanitária nas igrejas quanto ao envio de recursos almejando salvar “literalmente” a vida dos seus irmãos, basta lembrar que o milagre da multiplicação descrito em Mateus 14:13-21 se deu numa região desértica e com quantitativo reduzido de alimentos. Uma multidão foi salva da fome, e quem ordenou o “compartilhar do pão” foi o próprio Jesus!
Onde existe amor, a crise econômica não impede de se dividir o alimento com aquele que está sendo perseguido por não negar a fé. Assim, espero firmemente que haja um despertar da Igreja em relação às mazelas sofridas pelo “povo da cruz”. Esse despertar dependerá do nível de renúncia que cada um de nós está disposto a fazer para socorrer os “desprezados das nações”. A voz que atualmente clama no deserto nos convoca a amar por obras e em verdade. O convite está feito! Resta saber: quem está disposto a atendê-lo?
Referências:
[1] Portas Abertas – Envolva
[2] Gospel Prime – Perseguição aos cristãos hoje é a maior da história
[3] G1 – Terroristas matam 20 reféns em restaurante de Bangladesh
[4] Estadão – Ataque em Bangladesh contra fiéis que festejavam fim do Ramadã deixa 3 mortos
É triste ver que ninguém se importa com isso que está ocorrendo. Dói me o coração de verdade ver essas coisas acontecendo, enquanto outras pessoas e jornais, a mídia em si, só falam de olimpíadas. Não tenho nada contra homossexuais, mas enquanto vários cristãs morrem ninguém liga, mas se uma pessoa do movimento LGBT, UMA, já o suficiente para causar guerra de discussões.