Ciência/Religião

Anotações queimadas de Isaac Newton sobre a ‘Grande Pirâmide’ revelam sua pesquisa sobre o Apocalipse

Sir Isaac Newton, o aclamado físico, matemático e astrônomo, pode ser um dos cientistas mais renomados de todos os tempos, mas sua ampla pesquisa o levou a lugares estranhos, além do que muitos imaginam.

Em meio a seu notável legado de produção acadêmica, inúmeros fragmentos e notas não publicadas – muitos descobertos após sua morte em 1727 – permanecem como um testamento de seu grande interesse em questões envolvendo ocultismo, alquimia e teologia – sobretudo do Apocalipse bíblico.

Algumas dessas inclinações místicas – muitas das quais seriam consideradas pensamentos heréticos na época de Newton – são evidenciadas em algumas notas manuscritas fragmentadas que estão sendo leiloadas pela Sotheby’s, o mais famoso mercado de obras de arte do mundo.

Nesse caso, os textos estão literalmente fragmentos, no sentido de que são os sobreviventes chamuscados de um incêndio, dito ter sido iniciado por uma vela acesa acidentalmente derrubada pelo cachorro de Newton, chamado Diamante. Se essa suposta cadeia de eventos é inteiramente verdadeira não está claro, mas o que está claro é que as folhas queimadas pelas chamas fazem parte do cânone menos conhecido de Newton.

Nas páginas, que até o momento tinham um lance de cerca de 375.000 dólares, Newton medita sobre a Grande Pirâmide de Gizé, do antigo Egito, que ele acreditava ter sido projetada em torno de uma unidade egípcia de medida chamada côvado real.

Newton pensava que, quantificando o côvado real, ele poderia ser capaz de refinar suas próprias teorias sobre a gravitação e, ao fazer isso, fornecer uma medida precisa sem precedentes da circunferência da Terra – ao mesmo tempo que desbloqueia outras percepções geométricas obscuras e “sagradas”, que pode finalmente prever quando o mundo acabará, conforme predito na Bíblia.

As pirâmides de Gizé não são apenas as maiores maravilhas arquitetônicas que sobreviveram do mundo antigo: para Newton, como para muitos outros, elas eram uma chave que poderia desvendar segredos profundos. A Grande Pirâmide poderia ajudá-lo a compreender a profecia bíblica sobre o Apocalipse. Ele provavelmente também esperava que a pirâmide pudesse fornecer a prova para sua Teoria da Gravidade.

Newton certamente não era o único a acreditar que os antigos egípcios tinham acesso a um conhecimento profundo que se perdeu para o mundo moderno. A busca de antigos segredos ocultos era um tema central da alquimia, um assunto que Newton estudou profundamente. Essas anotações revelam Newton buscando uma estrutura subjacente à pirâmide: a unidade de medida usada por seus construtores.

Baseando-se em uma variedade de fontes antigas e contemporâneas, especialmente a “PyramidGraph” de John Greaves (1646), ele comparou uma ampla gama de medidas, incluindo dimensões externas, o comprimento dos túneis ou galerias, a altura das câmaras e o tamanho dos tijolos individuais. Ele pretendia provar que tudo isso tinha sido calculado a partir de uma unidade de medida comum: o côvado real.

Newton esperava que a quantificação do côvado real da Grande Pirâmide permitiria, por sua vez, estabelecer as dimensões precisas de outras medidas antigas, o que seria extremamente importante para Newton por uma série de razões. Newton vinha lutando com a teoria da gravitação desde meados de 1660, mas para demonstrar seus cálculos em escala planetária, ele precisava de uma medida precisa da circunferência da Terra.

Newton acreditava ser provável que os antigos pudessem medir a Terra usando técnicas perdidas pelo homem moderno. Os números fornecidos por Eratóstenes (século III a.C) não se encaixavam nas proposições de Newton para a atração gravitacional, então ele voltou-se para o número anterior dado por Tales e Anaximandro no século VI a.C, que a circunferência da Terra era de 400.000 “estádios”.

Supondo que os gregos tomaram suas medidas dos egípcios, deveria ser possível quantificar o estádio a partir do côvado, e a Terra a partir do estádio. Newton abandonou esta linha de pensamento antes da publicação da sua obra Principia, mas é provável que, ao fazer essas anotações, ele esperava que a pirâmide lhe desse a medida da Terra e provasse a teoria gravitacional.

As descobertas de Newton na matemática e na filosofia natural são, é claro, as realizações superlativas das quais sua reputação repousa, mas para o próprio Newton eram secundárias em relação aos seus estudos “maiores” em alquimia e teologia. Foi esta última a maior motivação para suas pesquisas sobre metrologia antiga.

Estabelecer o comprimento preciso do côvado egípcio lhe permitiria reconstruir, por sua vez, outras medidas antigas, crucialmente o côvado sagrado dos hebreus, e assim ser capaz de reconstruir com precisão um edifício que era, para Newton, de maior importância até do que o Grande Pirâmide: o Templo de Salomão. As crenças de Newton eram complexas, heterodoxas e idiossincráticas. Ele rejeitou a ortodoxia da Trindade, crendo, em vez disso, que Cristo, o filho, não era uma parte igual da divindade, mas uma figura intermediária entre Deus e o homem.

Ele estava profundamente interessado nos livros proféticos – especialmente o Apocalipse – que ele interpretou naturalmente para apoiar sua teologia, e que ele acreditava dar uma cronologia, incorporando tanto as primeiras lutas da Igreja quanto os eventos do futuro, especialmente a Segunda Vinda de Cristo. Assim como a cronologia bíblica tinha um significado oculto, as dimensões dos objetos descritos na Bíblia tinham um significado figurativo, e nenhum objeto era de maior importância para ele do que o Templo de Salomão, descrito em detalhes por Ezequiel e o cenário do Apocalipse.

Um conhecimento exato da arquitetura e dimensões do Templo era, portanto, necessário para interpretar corretamente os significados profundos e ocultos da Bíblia. A presença de notas de leitura sobre as profecias de Daniel e João ao lado de suas notas sobre metrologia nestas páginas sublinham a interconexão dos dois assuntos na mente de Newton.

Essas anotações são parte da surpreendentemente e complexa teia de estudos interligados de Newton – filosofia natural, alquimia, teologia – apenas partes das quais ele acreditou serem apropriadas para publicação. Não é de surpreender que ele não publicou sobre alquimia, uma vez que o segredo era um princípio amplamente defendido na pesquisa alquímica, e as crenças teológicas de Newton, se tornadas públicas, teriam custado a ele (pelo menos) sua carreira.

Ele deixou para trás vastos escritos manuscritos sobre exegese bíblica e outros assuntos teológicos, presumivelmente na esperança de que seu conhecimento secreto alcançasse um público selecionado e receptivo nas gerações futuras. A verdadeira extensão dos escritos de Newton só se tornou aparente recentemente.

Tamanha era a reputação de Newton como o exemplo do cientista do Iluminismo que, por gerações, houve pouca disposição para publicar algum material que pudesse parecer minar esse status. Foi somente com a venda dos papéis de Newton pelo conde de Portsmouth na Sotheby’s em 1936 que a escala de seu interesse na alquimia, em particular, tornou-se reconhecida, e mais recentemente da extensão de seus escritos teológicos.

O trabalho de Newton sobre metrologia antiga não era, em si, particularmente controverso. Essas notas estavam relacionadas a um tratado manuscrito mais substancial sobre o côvado datado da década de 1680 (agora Yahuda Ms. 2.4, Biblioteca Nacional de Israel, em Jerusalém), que era em si um apêndice de uma obra muito maior sobre o Templo de Salomão. Em 1737, privado de seu contexto intelectual, este tratado se tornou um dos poucos artigos não científicos que foram considerados apropriados para publicação nos anos após a morte de Newton.

Traduzido para o inglês como “Uma dissertação sobre o côvado sagrado dos judeus e os côvados das várias nações; na qual, a partir das dimensões da maior pirâmide egípcia, tomada pelo Sr. John Greaves, o côvado antigo de Memphis é determinado. Traduzido do latim de Sir Isaac Newton“, foi publicado em “As Obras Diversas de John Greaves“.

O único outro trabalho relacionado que veio ao conhecimento público antes do século 20 foi o capítulo cinco da “Cronologia Alterada dos Reinos Antigos” (1728), uma obra tardia de Newton em que ele escondeu suas verdadeiras crenças teológicas, e que forneceu uma descrição concisa do Templo de Salomão, sem qualquer discussão sobre seu significado.

Veja as anotações originais de Isaac Newton que estão à venda no leilão citado anteriormente:

Fonte: Conteúdo Cristão

Um comentário sobre “Anotações queimadas de Isaac Newton sobre a ‘Grande Pirâmide’ revelam sua pesquisa sobre o Apocalipse

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